quarta-feira, 30 de junho de 2010
Release - Temporada no Bar Ocidente (Julho/2010)
Nova temporada do espetáculo Fora do Ar promete muito humor
nas quartas de julho no Bar Ocidente
Após curta temporada de casa cheia no 11º Porto Verão Alegre, o espetáculo Fora do Ar entra novamente em cartaz. Desta vez, a luta contra o mau humor acontece no Bar Ocidente, todas as quartas de julho, às 22 horas.
Fora do Ar é um diário de ator. Felipe Mônaco, Leonardo Barison, Lucas Sampaio e Patrícia Soso encenam situações engraçadas e absurdas vividas por um ator em busca da fama. No melhor estilo de comédia de absurdo, o espetáculo reflete e discute acerca das questões atuais sobre programas de TV e teledramaturgia, celebridades, mundo publicitário e comercialização da arte.
A peça utiliza linguagem e símbolos da televisão brasileira, aproximando o público ao tema e instigando a imaginação dos expectadores ao criar um espaço mágico onde os atores, sem qualquer utilização de cenário e figurinos, fazem aparecer e desaparecer todo um universo.
Ficha Técnica:
Direção e texto original: Felipe Mônaco
Adaptação e dramaturgia: Elenco
Criação e operação de luz: Carol Zimmer
Sonoplastia: Elenco
Elenco: Felipe Mônaco, Leonardo Barison, Lucas Sampaio e Patrícia Soso
Produção: Luísa Barros
Serviço:
FORA DO AR
- Data: todas as quartas de julho (07, 14, 21 e 28/07)
- Horário: 22 horas (a casa abre às 21h30min)
- Local: Bar Ocidente (Av. Osvaldo Aranha, 960 – esquina com a Rua General João Telles)
- Ingressos: R$ 15,00 (com uma cerveja!) no local
Blog: http://www.teatroforadoar.blogspot.com/
Contato: Luísa Barros – 51 9364.4070 – teatroforadoar@gmail.com
Texto de Guilherme Nervo - Crítico teatral
Se não para deixar os aparelhos televisivos fora do ar, no mínimo a peça de Felipe Mônaco incentiva a deixar a televisão desligada, ou menos ligada. Quando digo televisão me refiro à TV aberta nacional. Não sou a favor da alienação, mas é inegável que as emissoras brasileiras estacionaram sua grade de programação, limitando-se à repetição exaustiva de temas, ao formato padrão e apelativo, tudo em nome da dependência mercadológica. Hoje em dia chega a estar cristalino o que se vende e o que não se vende; a denúncia e a crítica social não se enquadram na primeira opção.
O ritmo da peça "FORA DO AR" reflete o ritmo do objeto parodiado, a televisão. Não existe o aprofundamento das questões, é uma forma rasa e superficial de comunicação. Sentado no Teatro Bruno Kiefer, me sentia com a posse de um controle remoto que mudava os "canais" da peça constantemente.
Não há cenário, figurino ou apetrechos. É o ator com seu trabalho e seus parceiros
De cara a peça já inicia com um programa de "assistencialismo" familiar e profissional, pretendendo resolver o conflito entre o filho (Cassiano Fraga, em processo de amadurecimento cênico) aspirante a ator de teatro, e os pais, preocupados com a consequência financeira da escolha. O pai (Felipe Mônaco, com notável carisma e desprendimento) alega que não se pode festejar e usar batom pro resto da vida. É aí que a mãe (Patrícia Soso, segura de seu talento cômico) se pergunta onde ficam os sonhos, se não deveríamos seguir o coração. Os telespectadores, ao ligarem e fazerem perguntas/opinarem, tomam parte do conflito alheio com determinação e entusiasmo. Por alguns minutos podem reger a vida do outro, sentem-se como deuses. O apresentador (Leonardo Barison, cuja atuação me surpreendeu: bastante convincente) aproveita qualquer deixa da família em questão para propagandear produtos comerciais.
A televisão é o império da imagem. Um ator com 20 anos de carreira pode muito bem ganhar o mesmo, se não menos, que um modelo estreante. Pior do que os ganhos é a baixíssima repercussão do trabalho, quando este se repete em figurações ou participações pingadas, com duas ou três falas. É muito engraçado observar o estereótipo do diretor estressado, o ambiente caótico do Projac e os envolvidos sendo tratados não como profissionais, mas como produtos. Se ri da humilhação.
É fácil distinguir uma emissora da outra pela padronização instaurada. Aqui temos o auge cômico do espetáulo: o SBT e seus programas de auditório com apresentadores afetados, honrando o camelô dourado de Silvio Santos em uma atmosfera patética, isso sem falar dos dramalhões mexicanos; a Record apostando na exploração da violência das favelas e a Globo com suas novelas de alta qualidade técnica, mas atadas ao modelo de intrigas amorosas com divisão maniqueísta das personagens.
Frente a situação absurda que se encontram nossas redes de Televisão, "Fora do Ar" é um grito pela sagacidade do público de telespectadores.
Texto de Clenio Viegas - Crítico teatral

Altamente recomendável para quem gosta de boas risadas, "Fora do ar" merece uma temporada maior no decorrer de 2010. O meu aval eu dou com louvor!
Fonte: http://lennysmind.blogspot.com/2010/01/fora-do-ar-11-porto-alegre-em-cena.html - 26/01/2010
Texto de Rodrigo Monteiro - Crítico teatral
"Fora do Ar" é uma peça de teatro que não tem absolutamente nada que não seja teatralização do próprio corpo do ator. Os atores não têm a sua disposição nada mais para ser teatralizado, a não ser, claro, o corpo do outro ator. E são quatro: Felipe Mônaco, que estréia na tarefa de diretor; Cassiano Fraga, que estréia sua primeira peça adulta no circuito comercial da capital; Leonardo Barison,que repete (ainda bem!) a mesma técnica empregada em Bailei na Curva, Tá e aí?! e Manual Prático da Mulher Moderna; e Patrícia Soso, para quem, temos a impressão, a peça é feita, tamanha são as oportunidades que lhes são concedidas de mostrar o seu grande talento esse expresso no corpo, na voz e na energia. Soso é, sem dúvida, quem tem o melhor desempenho em cena, tanto na cena de “Fora do Ar”, como na cena do teatro de comédia de Porto Alegre.
Ainda e, acho que para sempre, com "Som & Fúria", na cabeça, a primeira impressão foi a de que “Fora do Ar” seria um espetáculo cheio de piadas internas relacionadas ao fazer teatral em que os atores, com certeza, adorariam, mas o grande público dormiria de desinteresse. Sim, Felipe Mônaco nos proporciona uma hora de risos sobre o ator, mas não sobre o fazer teatral. O ator não é visto do ponto de vista de sua profissão, mas a partir da relação que as pessoas têm com ele. O ator, afinal, é aquele que está, nas artes cênicas, entre nós e os sonhos. Dessa forma, não rimos dos atores, do teatro, das dificuldades, mas de nós mesmos e do jeito como olhamos para quem constrói o sonho. Na cena em que o filho anuncia publicamente que quer ser ator, o riso maior não vem dele, nem tanto dos pais. Vem do apresentador de TV, âncora do programa em que isso é transmitido. E mais: rimos de nós mesmos que assistimos a esse programa na célebre desculpa do zapping. “O que on a heck estamos nós fazendo aqui?”
O mesmo conceito de situação acontece em todas as outras cenas em que aquele que quer ser ator ou atriz é posto em uma realidade sempre assistida por quem, em sua casa na confortável poltrona, ri de si próprio. O prazer da comédia “Fora do Ar” vem do prazer de ver o outro se dar mal, outro esse que nos quer fazer bem. No caso, o outro é um ator, aquele que nos (e)leva a sonhar. Daí a não necessidade de cor, de objetos, de cenários e outros elementos que conferem ao ator um trabalho a mais antes de atingir o sonho. Antes de atuar, o ator teatraliza o palco, ressignifica a luz, dá sentido à música e ao movimento. Nessa comédia que estréia com um ótimo ritmo cênico rara e infelizmente visto, o ator trilha seu caminho sem outros recursos. Vai direto a, quem diria, ele mesmo.
O título “Fora do Ar” diz respeito a como encaramos aqueles que estão “no ar” e nossa relação com esse significado por nós mesmos construído. Ao entrar no quadrado desenhado no chão, que brilho é esse pelo qual se luta? Quem é que lhes confere esse brilho se não aquele que liga o botão on do televisor ou paga o ingresso do teatro?
É uma homenagem ao trabalho do ator em cuja assistência não se vê o tempo passar, diverte-se muito e, sobretudo, faz pensar sobre nossa relação com quem pode até admirar tudo o que foi dito nesse texto sobre aquele que nos leva a sonhar, mas, por fim, vê o teatro como um trabalho que, afinal de contas, não deixa de ter o mesmo número de dificuldades que todas as outras profissões. E nenhuma a mais.